quarta-feira, 2 de março de 2011

Falta d´água causa transtornos a moradores da Baixada

Nas casas e escolas, torneiras vazias. No reservatório, desperdício. Foi este o quadro que integrantes da Comissão de Saneamento Ambiental da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) encontraram numa vistoria realizada em diferentes pontos do município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, nesta quarta-feira (02/03). Participaram da comitiva as presidente e vice da Comissão, deputadas estaduais Aspásia Camargo (PV) e Lucinha (PSDB), respectivamente. Também estiveram presentes os deputados Zaqueu Teixeira (PT), Rosangela Gomes (PRB) e Waguinho (PRTB).

Os deputados conversaram com moradores e viram de perto o sofrimento causado pelo descaso do poder público na região. Para Lucinha é preciso uma intervenção urgente do Governo do Estado. “Nós encontramos diferentes situações de falta d´água e de saneamento. A comissão vai fazer um relatório que será encaminhado para o governo porque este problema tem que ser resolvido, a população mais humilde tem direito a água encanada, a condições dignas de moradia”, informou Lucinha.


Deputados Aspásia, Rosangela, Lucinha e Waguinho constatam a venda de água da Cedae
 O primeiro lugar vistoriado pela Comissão foi em um centro de abastecimento de carros-pipas da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), no Centro de Belford Roxo. É possível comprar água potável e transportá-la para qualquer lugar do Rio. “A pessoa paga R$ 200,00 e leva um caminhão gigante de água. É água pública sendo vendida, com gente lucrando enquanto a população sofre com a falta d ´água. São três bicas que abastecem caminhões o dia inteiro, mas nas torneiras não têm água. Um Completo absurdo”, disparou Lucinha.

Muitos moradores de diferentes bairros do município deixaram de pagar a conta de água porque o serviço não funciona já há alguns anos. Para algumas atividades domésticas as donas de casa tiram água de poços artesianos instalados em seus quintais. É o caso de Patrícia Marques, de 40 anos, que vive com dois filhos me Heliópolis. “A gente usa essa água para tomar banho, lavar roupa, o banheiro. Para beber e cozinhar eu pego na minha vizinha que tem uma bica. E como não tenho água nas torneiras, minha conta parou de chegar há uns dois anos”, explicou. Lúcia Santos, de 45, que mora no bairro Bela Vista com mais 11 pessoas, sendo três delas doentes, afirmou que parou de pagar as contas da Cedae. “Na minha casa só tem água no fim de semana, nos outros dias Deus e os vizinhos nos ajudam”, disse.


Lucinha conversa com mães de alunos da Escola Municipal Ayrton Senna
 Na Escola Municipal Ayrton Senna, que tem 670 alunos da educação infantil e dos dos 1º e 2º segmentos, a situação é caótica. Falta água para limpar banheiros, para beber e principalmente para preparar a merenda. “Estamos há quase uma semana esperando o carro-pipa, que só dá pra um dia. Então o jeito é liberar as turmas da tarde mais cedo porque não podemos deixar os alunos sem merenda”, explicou a diretora da escola, Jane da Conceição Batista. As mães lamentam a situação. “Meu filho que estuda a tarde só tem merenda quando sobra dos alunos da manhã, é uma vergonha”, afirmou indignada Rosilene Ferreira, que tem dois filhos na escola.    

Reservatórios e estação de esgoto abandonados
Reservatório abandonado em barro Vermelho: água abundante jogada fora
Os deputados da Comissão de Saneamento da Alerj também vistoriaram dois reservatórios construídos há cerca de 15 anos que estão abandonados. O primeiro, localizado no bairro do Barro Vermelho, recebe água potável, mas não está ligado na rede de distribuição da cidade, e a água acaba sendo jogada fora. “A água é abundante, mas está sendo jogada fora sem uso algum. Nem mesmo as famílias que moram ao lado do reservatório têm água. Temos que aprender a gerir melhor a água, com obras de grande porte para racionalizar a captação e distribuição da água”, pontuou Aspásia. O outro reservatório, no Morro do Machado, nunca funcionou apesar de ter todo o maquinário necessário para beneficiar milhares de casas com água de boa qualidade. “São flagrantes explícitos de dinheiro público sendo desperdiçado. Enquanto isso a população padece com a falta d´água”, assinalou Lucinha.
A última parada da vistoria foi no bairro Vale do Ipê, onde a Estação de Tratamento de Esgoto Joinville-Lote XV está desativada há mais de 10 anos. A Prefeitura de Belford Roxo chegou a anunciar, em outubro de 2010, a assinatura de convênio com a Cedae para investir na melhoria do abastecimento de água no município através de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mas até agora nada foi feito. “Se houvesse o empenho da prefeitura do município com a Cedae para reativar a estação de tratamento e os reservatórios, muitos problemas seriam resolvidos em pouco tempo e cerca de 150 mil pessoas seriam beneficiadas”, informou Lucinha. “Nós vamos pedir aos órgãos competentes que seja feito um levantamento completo dos problemas de abastecimento e saneamento em Belford Roxo”, completou a deputada. 

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